O texto abaixo foi escrito pelo professor Mauricio Mungioli, publicado no jornal "Giro da Praia" (Ubatuba-SP) no período em que ele dirigia a "Oficina do Vestibular". Gentilmente cedido para o blog pela sua espôsa Olívia Borges.
Texto importante para jovens que estão iniciando a carreira profissional ou até mesmo para aqueles que já estão há algum tempo no mercado. Nesse texto, Maurício fala sobre a diferença entre o que acreditamos ser necessário para nos tornarmos bons profissionais e aquilo que a nova realidade de mercado profissional realmente espera.
Boa leitura!Mirtes
Perfil profissional e mercado de trabalho
Uma revista de circulação nacional publicou já há algum tempo, um artigo sobre o vestibular e as possíveis escolhas que jovens em todo o país teriam que fazer nos meses seguintes. A reportagem atentava para as muitas armadilhas que geravam decisões por vezes equivocadas e apontava alguns caminhos para que a escolha se fizesse de forma ao menos consistente. Trazia também um breve comentário sobre as profissões mais procuradas por aqueles que buscavam um curso superior e outras, muitas outras informações. Resumindo a ópera, tratava-se de uma boa reportagem sobre um fato que, moto-contínuo, repetia-se e, é claro, repete-se, ano a ano.
No entanto um ponto aparentemente secundário chamou a atenção e, por isso, merece, mesmo agora, uma olhadela um pouco mais detalhada. A matéria apresentava uma pesquisa na qual era apontada a falta de conexão entre o que pensa o jovem sobre o que “deve ser” o profissional e o que esperava o mercado que “venha a ser” esse profissional. Diante dessa situação, podemos colocar a seguinte questão: que perfil deverá balizar a “autoconstrução” daquele que pretende, freqüentando uma universidade, romper a barreira do primeiro emprego e ao menos tentar alcançar certa estabilidade em sua vida adulta.
Cruel?
Talvez sim, talvez não.
Vejamos. Via de regra admite-se que o diploma, o domínio mediano de um segundo idioma e, vá lá, alguma noção de informática, são credenciais suficientes para garantir lugar no mercado de trabalho. Quando a barreira se faz maior que o previsto, por certo, coloca-se a culpa na falta de experiência profissional. Talvez sim, em alguns casos. Talvez não, segundo especialistas - e boa parte do empresariado consultado na reportagem.
A imagem desse profissional, cumpridor de uma única função, competente (vá lá), mas de poucos recursos, com pouca vivência extracurricular, fechado ao novo, competitivo em relação aos colegas; enfim, preso a um universo meramente técnico, vem sofrendo profundo desgaste e, no limite, tornando-se anacrônica. Por oposição vem ganhando forma já há alguns anos uma nova figura de profissional.
A formação sólida continua, é claro, fundamental e o curso superior bem feito ainda é pré-requisito básico para qualificar o profissional. Daí em diante, a coisa muda.
A competição cede espaço para a cooperação no ambiente de trabalho. Sendo assim, saber trabalhar em grupo e para o grupo, ter envolvimento, trocar informações e saber partilhar conhecimentos faz-se fundamental. Lembre-se que muitas contratações hoje são feitas a partir de dinâmicas de grupo e os critérios de seleção levam em consideração estas aptidões.
A bagagem cultural é também cada vez mais valorizada e conta pontos para o futuro profissional. Participações em palestras, congressos, seminários; envolvimento em projetos de pesquisa, por exemplo, garantem o aprofundamento do saber acadêmico e a diversificação do conhecimento.
Importante também é reciclar os saberes já sedimentados e buscar constantemente atualizar-se. Muitas e rápidas são as mudanças; muitos também os novos conhecimentos e estar aberto ao novo, uma necessidade.
Além disso, uma pontinha de consciência social ajuda bastante. Pode ser fecundo o envolvimento em projetos comunitários e o trabalho junto a ONGs. Dão maior sentido de comprometimento e nos ampliam os valores de solidariedade, companheirismo e participação (além de ajudar muitas pessoas, é claro!). Aliás, esse tipo de ação durante o convívio universitário pode dirimir o velho problema da “falta de experiência” profissional, que tanto assusta aquele que, recém chegado ao mercado de trabalho, busca seu primeiro “bom” emprego.
No mais, criatividade em alta. Afinal, engenho e arte não fazem mal a ninguém.
Mas, diz aí...
E você, o que vai ser quando crescer?
Mauricio Mungioli
Esse cara manda muito bem. Simplismente fantástico. Parabéns ao blog. Marcello Marins
ResponderExcluirÉ Marcelo, fantástico mesmo...
ResponderExcluirObrigada!
Bjs