quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Nova mudança na matriz curricular em 2012

A Secretaria da Educação voltou atrás na composição da grade curricular para o período noturno. O Governador foi pressionado e exigiu nova mudança. Isso "queima" todo o trabalho do Secretário da Educação, que para alterar a grade consultou toda a rede através de encontros nos pólos de todo o Estado de São Paulo.  Ou confia no trabalho de sua equipe e assume junto suas ações ou todo o trabalho realizado vai por "água abaixo" e,  assim,  aparece uma nova medida autoritária.
Nesse momento faço alguns questionamentos:
A LDB determina que nenhuma disciplina pode ter menos de 2 aulas semanais, a mudança na grade tinha sido feita, entre outros motivos, para atender essa exigência  e agora por exigência do governador há uma regressão. Como fica a questão legal ao desobedecer a LDB?
A pressão feita pelos meios de comunicação em relação às aulas de Português e de Matemática eram facilmente questionáveis por todos aqueles que entendem de educação e que sabem onde está nosso "calcanhar de aquiles", e que não está relacionado ao número de aulas dessas disciplinas. O problema é muito mais difícil de ser solucionado do que simplesmente aumentar aulas dessa ou daquela disciplina. Portanto, porque o governador não acatou a mudança feita peolo Secretário?
Sem saber como será a atribuição de aulas no ano de 2012, como será a matriz curricular e se será cumprida a Lei do Piso com 1/3 das aulas para HTPL e HTPC, os professores passarão um Natal e um Reveilon na incerteza e ansiedade.
Abraços a todos!
Mirtes


Leia notícia na íntegra abaixo ou veja pulblicação no site da SEE :  http://www.educacao.sp.gov.br/noticias/carga-horaria-de-matematica-e-lingua-portuguesa-aumenta-em-2012-na-rede-estadual 

Carga horária de matemática e língua portuguesa aumenta em 2012 nas escolas estaduais


Secretaria da Educação revoga redução que estava prevista apenas para o Ensino Médio noturno, mantendo a ampliação das aulas das duas disciplinas para a rede estadual


Por solicitação do governador Geraldo Alckmin, a Resolução SE 81, publicada no Diário Oficial do Estado no sábado (17/12), foi alterada no item referente à carga horária do Ensino Médio noturno. Na quinta-feira (22/12) será publicada uma nova versão da norma, sem redução do número de aulas das disciplinas de língua portuguesa e matemática para o período da noite desse nível de ensino.

A rede estadual de ensino de São Paulo passará a ter a partir de 2012 maior carga horária para estas duas disciplinas. No ciclo II do Ensino Fundamental, tanto no período diurno como no noturno, o total de aulas de matemática passará de cinco para seis semanais, correspondendo a um aumento de 20%. Nesse mesmo ciclo, as aulas de língua portuguesa terão esse mesmo aumento em todos os anos, exceto no 9º, que continuará com cinco aulas. No total dos quatro anos do Fundamental II , haverá mais 15% de aulas de língua portuguesa. Para fazer essa ampliação, a carga horária total semanal passou de 27 para 30 aulas.
No período diurno do Ensino Médio, as duas disciplinas continuarão com cinco aulas semanais nas 1ª e 2ª séries, mas passarão de quatro para cinco aulas na 3ª série, perfazendo aumento de 20% nessa série e de 7% no cômputo das três séries desse nível de ensino. Da mesma forma que no ciclo II do Fundamental, o aumento dessas matérias foi possível graças à ampliação da carga horária total de 27 para 30 aulas semanais.

A resolução publicada no dia 17 estabelecia para o Ensino Médio noturno a redução de quatro para três aulas de língua portuguesa na 2ª série e de quatro para três aulas de matemática nas 1ª e 3ª séries. A resolução a ser publicada amanhã (21/12) manterá o número atual de aulas dessas matérias. Para isso, serão reduzidas de duas para uma aula semanal as disciplinas de filosofia (1ª série) e de sociologia (2ª série).
Essas duas disciplinas, apesar da redução, passarão a ter carga horária maior do que tinham antes.

Sociologia, que era ministrada uma vez por semana em cada série, passa agora a ter duas aulas semanais nas 1ª e 3ª séries e uma na 2ª série, resultando em um aumento de 66% do total de aulas. Filosofia, que tinha duas aulas semanais na 1ª série e uma nas 2ª e 3ª séries, passará a ter uma na 1ª série e duas nas demais, obtendo um aumento 25% no total.

A disciplina de Geografia mantém a carga horária estabelecida na resolução anterior, de 2008, ou seja, com duas aulas semanais na primeira e segunda séries do Ensino Médio Noturno e uma aula na terceira série.
“A alteração feita com base na orientação do governador Geraldo Alckmin mantém o espírito da reformulação da grade curricular que foi elaborada pela Secretaria da Educação”, afirmou o secretário-adjunto João Cardoso Palma Filho. “Nosso objetivo é o de proporcionar ao aluno uma formação integral com base no equilíbrio entre as três grandes áreas do conhecimento.”

domingo, 18 de dezembro de 2011

Nova Matriz curricular para 2012

  Professores do Estado de São Paulo:


saiu no DOE a resolução que trata da matriz aprovada para 2012. Não consegui postar a tabela aqui no blog, então acesse o link  e vá até a página 28. Resumo abaixo:  

No ensino fundamental diurno ficou aprovado: 6 aulas para Português e 6 para Matemática, 4 aulas para Geografia, 4 para História e 4 para Ciências, 2 aulas para Inglês, 2 para Educação Física e 2 para Artes.

No Ensino Médio diurno: 5 para Português e 5 para Matemática e 2 para todas as outras disciplinas (nos três anos). Passa a ter aula de Artes no 3ºano.  Não tem  mais DAC (Apoio Curricular) e nem foi aprovada aquela "orientação de estudos" que estava na proposta inicial apresentada pela SEE.

No Ensino Médio noturno: Português com 4 aulas no 1º ano, 3 aulas no 2º ano e 4 aulas no 3º ano, Matemátuca com 3 aulas no 1ºano, 4 aulas no 2ºano e 3 aulas no 3ºano,  e 2 aulas para todas as outras disciplinas durante os três anos. Arte também volta para o 3º ano noturno.

Para tirar suas dúvidas vá direto à fonte que é o diário oficial.

Um abraço a todos!
Mirtes








quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Alckmin promete adaptar jornada de professor à lei

Declaração ocorre após Justiça determinar ampliação de atividade extraclasse no ensino básico do Estado
Em São Paulo, categoria tem 17% do tempo fora da sala, e não 33%, como diz a lei; mudança na rede será em 2012

FÁBIO TAKAHASHI - DE SÃO PAULO
RAPHAEL SASSAKI - COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), anunciou ontem que aumentará a jornada extraclasse dos professores do ensino básico da rede estadual em 2012.
Para compensar a diminuição de aulas dadas, o governo deve chamar 16 mil professores já aprovados em concursos, aumentar a jornada de quem já está em atividade e convocar mais temporários.
Anteontem, a Justiça havia determinado provisoriamente que o Estado ampliasse para 33% a jornada dos docentes para atividades como preparação de atividades, correção de trabalhos ou atendimento aos estudantes.
Hoje, a rede estadual destina apenas 17%. Os 33% estão fixados na lei nacional do piso do magistério, de 2008.
A decisão judicial foi tomada a partir de ação do sindicato dos professores, a Apeoesp. O governo pode recorrer, mas isso não deve ocorrer.
"A questão de 33% de aulas além da sala de aula nós vamos cumprir, já estamos com todas as medidas preparadas para implantá-la no começo do ano que vem", disse Alckmin, em evento de incentivo à doação de sangue.
"Não tinha como implantar no meio do ano letivo, mas em 2012 estará sendo cumprida rigorosamente a legislação", afirmou o governador.
Apesar de aprovada em 2008, a lei do piso foi contestada no Supremo Tribunal Federal. Só neste ano o tribunal se posicionou, declarando a norma constitucional.
Atualmente, 17 dos 27 Estados, entre eles São Paulo, descumprem o piso ou a jornada determinados na legislação nacional, conforme a Folha revelou neste mês.
No âmbito salarial, o piso paulista é maior que o fixado nacionalmente (R$ 1.894 e R$ 1.187, respectivamente).
A Secretaria da Educação informou que determinará quais atividades os professores poderão fazer no tempo extraclasse. O governo diz querer evitar que os professores usem o período para ações alheias à escola. Um dos riscos considerados pela pasta é que os docentes entrem em outro emprego.
Estudo do Dieese diz que seriam necessários 65 mil novos professores na rede, caso o governo decidisse não ampliar a jornada dos já ativos. Atualmente, a rede possui 223 mil professores.

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/12115-alckmin-promete-adaptar-jornada-de-professor-a-lei.shtml


Veja o comentário da Udemo sobre esse assunto:

A Udemo sempre defendeu a jornada única para os professores da rede estadual de ensino, tanto os docentes quanto os especialistas, composta de quarenta horas - relógio, devendo, no caso dos docentes, ser a metade cumprida em sala de aula, com os alunos, e a outra metade, sem alunos, na própria escola.
O nosso entendimento é que vinte horas – relógio com alunos, em sala de aula, é uma jornada eficaz e saudável. As demais horas devem ser usadas para as diversas atividades pedagógicas na escola e para as atividades de integração da escola com as famílias e a comunidade, tais como: Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo, atendimento a alunos e pais de alunos, planejamento de aulas e cursos, avaliações, correção de provas e trabalhos (não se deve levar trabalho para casa), substituições eventuais e emergenciais, programas de atualização e aperfeiçoamento, recuperação de alunos e reforço de conteúdos, participação no Conselho de Escola, participação na Associação de Pais e Mestres, apoio às atividades do Grêmio Estudantil etc.
Tendo sido divulgada pela imprensa a intenção do Governo de regulamentar a jornada dos docentes, nos termos da Lei n.º 11.378/2008, reiteramos a nossa reivindicação, acima exposta, a ser aplicada aos 33% da jornada de trabalho do docente fora da sala de aula, por termos a convicção de que isso será o melhor para as nossas escolas, os nossos alunos e os próprios professores.
Não faz sentido afirmar que o atendimento a alunos e pais de alunos, o planejamento de aulas e cursos, a correção de provas e trabalhos, as substituições eventuais e emergenciais, os programas de atualização e aperfeiçoamento, a recuperação de alunos e o reforço de conteúdos, a participação no Conselho de Escola, a participação na Associação de Pais e Mestres, o apoio às atividades do Grêmio Estudantil, a integração da escola com as famílias e a comunidade, etc., possam ocorrer em “local de livre escolha”. Todas essas atividades só podem acontecer na própria escola.
A experiência mostrou que as Horas de Trabalho Pedagógico em Local de Livre Escolha, como existem hoje, não trouxeram melhorias para o projeto pedagógico e o trabalho da escola. Antes, serviram para dispersar o corpo docente.
Se o nosso discurso sempre foi o de diminuir a jornada do professor, em sala de aula, para que ele possa trabalhar melhor na escola, agora, na prática, nada justifica afastá-lo do trabalho na unidade, quando ele estiver fora da sala de aula. Seria, no mínimo, incoerente, além de antieducacional.
Já enviamos ofícios ao Governador e ao Secretário da Educação, com essas ponderações.


E o posicionamento da Apeoesp:
 Batalha jurídica

Embora o Estado ainda possa recorrer, a liminar concedida à APEOESP se constitui numa vitória muito importante. Ainda que o Estado recorra, se estabelecerá uma dura batalha jurí­dica que levaremos às últimas consequências para defender o direito dos professores a condições adequadas de traba­lho. Assim como o Juiz Luiz Fernando Camargo de Barros Vidal, consideramos que esta causa não interessa somente a nós, professores, mas também aos alunos e à sociedade, pois, como diz o magistrado, “concorre para a melhoria das condições de ensino.”






 

Mudança nos critérios para pagamento do bônus

São Paulo, 28 de novembro de 2011.

Prezados Professores, Diretores de Escola, Supervisores e Dirigente de Ensino,
 Herman Jacobus Cornelis Voorwald
SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO

Considerando a proximidade das avaliações do Saresp 2011 e tendo em vista a relevância dessa avaliação e do Bônus por Resultado, esta Secretaria observa que, depois de quatro anos de existência, o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo – Idesp consolidou-se como instrumento de consecução de política educacional no âmbito estadual. Ademais, tem sido utilizado como principal fator para o pagamento de remuneração variável aos servidores da educação do Estado.
Ao longo desse período, a experiência de uso deste indicador evidenciou a necessidade de se incorporar, na sua construção, alguns componentes que permitam ao Idesp captar de forma mais apurada a qualidade de ensino do sistema estadual paulista de Educação Básica, bem como aprimorar o índice utilizado para pagamento da Bonificação por Resultados.
Nesse sentido, estudos estão sendo elaborados com vistas ao aperfeiçoamento do modelo, a partir de indicadores objetivos. As inovações trazidas por esses estudos considerarão para efeito de cálculo do Idesp e da Bonificação por Resultados:

i) A participação dos alunos nos dias de avaliação;
ii) Os resultados obtidos em anos anteriores;
iii) O nível socioeconômico dos alunos; e
iv) Características da escola que interferem na gestão escolar.

Tão logo os novos parâmetros estejam definidos, será encaminhada uma nota técnica que explicitará a nova forma de cálculo dos indicadores.
Entendemos que, com estas inovações, caminhamos rumo ao contínuo aprimoramento desta ação, buscando maior equidade e procurando, na medida do possível, atender às expectativas dos educadores da rede e às necessidades do sistema educacional de nosso Estado.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Justiça manda SP cumprir carga horária de piso para professor

Legislação aprovada em 2008 e validada pelo STF estabelece que um terço do tempo remunerado é para atividades fora da sala de aula
iG São Paulo | 28/11/2011 19:13 - Atualizada às 20:22
Professores do Estado de São Paulo (Apeoesp) para que a lei do piso para professor se aplique a todos os 225 mil docentes ativos da rede a partir de 2012. Com isso, um terço da carga horária remunerada dos professores precisa ser reservado à formação e outras atividades além da aula. Atualmente, a Secretaria Estadual de Educação paulista separa apenas 17% do tempo de trabalho para preparo do profissional e das atividades.
A lei 11.738, que trata do piso nacional, foi aprovada em 2008 e questionada juridicamente por alguns Estados. Este ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou o recurso improcedente e aprovou todo o teor da lei que exige remuneração mínima - hoje em R$ 1.187 por 40 horas semanais - e que ao menos um terço das horas recebidas sejam cumpridas fora de sala de aula. A Apeoesp entrou com ação pelo não cumprimento da lei e o juiz Luiz Fernando Camargo de Barros Vidal, da 3ª Vara da Fazenda Pública do Tribunal de Justiça de São Paulo, concedeu na tarde desta segunda-feira, liminar que estabelece o cumprimento da legislação.
No seu despacho o Juiz informa que a Secretaria da Educação “silenciou” frente à possibilidade de manifestação preliminar. Na sequência, informa que a Fazenda Pública do Estado se manifestou afirmando que a jornada de trabalho estadual deve prevalecer sobre a lei federal. O juiz não aceitou a argumentação e concluiu que o cumprimento da lei interessa não apenas aos professores, mas também aos alunos, “posto que a providência concorre para a melhoria das condições de ensino.”
Após recordar às razões pelas quais o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu pela integral constitucionalidade da lei o despacho do juiz afirma: “Deste modo, e porque o pensamento do juízo é concordante com o entendimento do STF, e mesmo porque seria veleidade decidir em sentido contrário, não há razão alguma para deixar de ser acolhido o argumento contido na inicial a respeito da pronta eficácia e aplicabilidade da norma legal.”
"Se, portanto, a Secretaria da Educação tinha alguma dúvida sobre como aplicar a lei, não resta mais nenhuma. Deve simplesmente cumpri-la tal como está redigida, destinando no mínimo 33% do total da jornada de trabalho de cada professor para atividades extraclasses", comemorou a presidente do sindicato, Isabel Noronha.
Por meio da assessoria de imprensa, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disse que "o secretário da Educação (Herman Voorwald) respondeu, por meio de informações para a Procuradoria Geral do Estado, aos questionamentos a ele encaminhados". A pasta informou que só se manifestará sobre a decisão após ser notificada da referida liminar.

http://ultimosegundo.ig.com.br/educacao/justica-manda-sp-cumprir-carga-horaria-de-piso-para-professor/n1597387710881.html

domingo, 27 de novembro de 2011

Licença Prêmio e Sexta-parte para categoria F

São Paulo, 121 (219) Diário Oficial Poder Executivo - Seção I quarta-feira, 23 de novembro de 2011 Atos do Governador

DESPACHOS DO GOVERNADOR, DE 22-11-2011

No processo PGE-11.046-09 (CC-103.533-09), em que é interessada a Procuradoria Geral do Estado: "À vista da representação do Procurador Geral do Estado, decido em caráter normativo, com assento no art. 2º, XI, da LC 478-86, autorizar a extensão, aos servidores admitidos com assento na Lei 500-74, dos efeitos das decisões judiciais que reconheceram a tais agentes o direito a sexta-parte, vedado o pagamento de parcelas remuneratórias vencidas em data anterior à da publicação deste despacho."

No processo PGE-18591-386117-09 (CC-92.992- 11), em que é interessada a Procuradoria Geral do Estado: "À vista da representação do Procurador Geral do Estado, decido em caráter normativo, com assento no art. 2º, XI, da LC 478-86, autorizar a extensão, aos servidores admitidos com assento na Lei 500-74, dos efeitos das decisões judiciais que reconheceram a tais agentes o direito a licença-prêmio, admitido o cômputo de períodos aquisitivos desde o respectivo ingresso e retroagindo a averbação ao preenchimento dos requisitos previstos nos arts. 209 e 210 da Lei 10.261-68."

4 – São Paulo, 121 (219) Diário Oficial Poder Executivo - Seção I quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Atribuição de aulas para 2012 - classificação

Atenção Professores! Fiquem atentos às datas.

32 – São Paulo, 121 (216) Diário Oficial Poder Executivo - Seção I sexta-feira, 18 de novembro de 2011

 Portaria DRHU 67, de 17-11-2011

Fixa datas e prazos para a divulgação da classificação dos inscritos no processo inicial de atribuição de classes e aulas de 2012.

O Coordenador da Coordenadoria de Gestão de Recursos, considerando a necessidade de estabelecer datas e prazos para a divulgação da classificação dos inscritos no referido processo, expede a presente Portaria.

Art. 1º - A divulgação da classificação dos inscritos para o processo de atribuição de classes/aulas referente ao ano de 2012 estará disponível na internet no endereço http://drhunet.edunet.sp.gov.br/PortalNet/ , conforme segue:
I - Titulares de Cargo:
a)
25-11-2011 - divulgação da classificação; b) de 25/11 a 28-11-2011 - prazo para interposição de recursos no endereço acima, até as 23 horas do dia 28-11-2011; c) de 25/11 a 29-11-2011 - digitação das decisões sobre os recursos no endereço acima; d)
 II - Ocupantes de função-atividade/candidatos à contratação:
a)
07-12-2011 - divulgação da classificação; b) de 07/12 a 09-12-2011 - prazo para interposição de recursos, no endereço acima, até as 23 horas do dia 09-12-2011; c) de 07/12 a 12-12-2011 - digitação das decisões sobre os recursos, no endereço acima; d)
até 16-12-2011 - divulgação da classificação final.
até 5/12/2011 - divulgação da classificação final.

O que a internet está fazendo com nossos cérebros

Geração Y

Quando Nicholas Carr escreveu The Shallows: What the internet is doing to our brains (A Geração Superficial: O que a internet está fazendo com o nosso cérebro), o iPad ainda era apenas uma boa promessa, o Google Wave aparecia como um provável sucesso e os e-books ainda não tinham decolado. Hoje, o Google aposentou o serviço, o iPad é sucesso no mundo todo e as vendas de e-books estouraram nos Estados Unidos. Nesta entrevista, Carr diz como os novos avanços tecnológicos e da internet continuam oferecendo riscos aos nossos cérebros.

Carta na Escola: A maneira como a web é organizada estimula um sistema de recompensas que sugere que somos explorados pelos sites em suas brigas por audiência e retorno comercial. Seria o caso de algum controle legal ou de regulação a respeito do que se pode fazer na rede? Precisamos de proteção? Isso não implicaria censura da liberdade de expressão?

Nicholas Carr
: É difícil dizer o quanto de nossos hábitos online resultam de pressões comerciais e o quanto é um reflexo de nossas próprias escolhas. Em outras palavras, nós podemos estar escolhendo ser superficiais. Não estou seguro a respeito de o controle governamental ou das regulações na forma como usamos a rede ser algo aconselhável. Se quisermos mudar nossos hábitos, isso realmente depende de nós, como indivíduos e como sociedade.
CE: A invenção e a proliferação da escrita e da leitura não são uma história fácil, nem mesmo natural, como o senhor reforça. Seria justo imaginar que o futuro da leitura e da escrita será determinado apenas pela facilidade dos usuários na utilização de ferramentas tecnológicas? Não temos espaço para mais esforços cognitivos?

NC
: Nossa tendência é usar tecnologias para facilitar nossa vida, não para dificultar e, com os computadores em rede, esse desejo por conveniência está tendo uma enorme influência sobre nossas vidas intelectuais, assim como em nas físicas. Acho que existem evidências de que essa tal facilidade pode obstruir nosso aprendizado e nossa memória, e talvez até mesmo nossa disposição para a empatia.

CE: Quando o senhor publicou seu livro, em 2010, os livros eletrônicos representavam apenas 35% do total das vendas da Amazon. Agora, esse número já ultrapassa o de vendas de obras impressas. Procuramos por mais narrativas longas, ao mesmo tempo que gostamos da experiência dos aparelhos eletrônicos?

NC
: As primeiras versões de leitores digitais, como o Kindle original, faziam um bom trabalho na replicação da experiência de um livro impresso. Mas, como já estamos vendo nas versões recentes de aparelhos como o iPad e o Nook, mais e mais opções e funcionalidades estão sendo incorporadas – e, ao mesmo tempo, oferecendo mais distrações aos leitores. Acredito que, no longo prazo, livros digitais tendem a ser lidos de maneira mais superficial, mais distraída do que os livros impressos.
CE: Com a web 2.0, as redes sociais e as ferramentas de curadoria e seleção de conteúdos, parece que caminhamos para uma relação mais atuante na rede e que nos leva a escolher nossas leituras. No entanto, diminuímos a quantidade de conteúdos diferentes a que somos expostos. Corremos o risco de perder a dimensão da rede e de ficar presos em um mesmo grupo?

NC
: Sim, acho que estamos vendo essa mudança para uma rede mais controlada, mais “personalizada”. Essa é uma tendência muito similar ao que vimos com outros meios de comunicação no passado, como o rádio, e parece ser o resultado da comercialização. Certamente, há o risco de que acabaremos sendo expostos apenas ao que nos é familiar e assim reforçaremos as nossas próprias idiossincrasias. Nós nos tornaríamos mais limitados, em vez de mais amplos em nossas perspectivas.

Por: Roberto Taddei  - http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/o-que-a-internet-esta-fazendo-com-nossos-cerebros/

sábado, 15 de outubro de 2011

A pedagogia da cerveja na mídia conivente

Brinde ao Brasil
Por Gabriel Perissé em 20/06/2006 na edição 386
A função pedagógica da mídia se materializa em imagens, textos e sons que influenciam mentes e comportamentos. Influência sutil, que será relativizada ou reforçada por parentes, amigos, professores, líderes culturais e religiosos, colegas no trabalho etc.
A pedagogia da cerveja está no ar. Carnaval, Copa do Mundo, feriados ou simples fins de semana (que começam na quinta-feira...), tudo é ocasião para uma "cerva", a bebida mais consumida por adolescentes e jovens brasileiros, porta aberta para outras experiências de vertigem. Não faz muito tempo, a Rádio Jovem Pan teve a coragem de navegar contra a corrente, divulgando o depoimento de um rapaz que começou a tomar cerveja aos 11 anos e depois foi para a maconha, a cocaína e o ecstasy.
Os jovens se sentem invulneráveis. Seu fígado é de aço. E os sucos não têm o mesmo valor "nutritivo" da cerveja estupidamente gelada. A bebida alcoólica como sinal de que a criança entrou para o mundo dos adultos. Leite então, nem pensar! No Brasil, consome-se mais álcool per capita do que leite. A cerveja tem pouco teor alcoólico e por isso é consumida em maior quantidade do que outros tipos de bebida. Desce redonda, fácil, tranqüila. Vai envolvendo aos poucos, sedutora.
Os bares próximos a faculdades e escolas deveriam, pelo menos, pedir a carteira de identidade, e vender apenas refrigerantes aos menores de 18 anos. Mas vem o colega mais velho e compra cerveja para a galera. Um brinde ao Brasil!
Respeito ao touro
A pedagogia da cerveja que a mídia veicula deveria ser criticada pela mídia não-alienante. A falta da crítica se chama conivência. Moralismo não, basta informação: os danos cerebrais causados pelo álcool ingerido desde a adolescência, o déficit de memória, riscos no trânsito, riscos de uma vida sexual desregrada geralmente associada bebedeiras, seqüelas irreversíveis a médio e longo prazos.
Ficar chapado nas festas, beber todas, beber, beber até cair... estas são algumas "habilidades" e "competências" sugeridas pela animada pedagogia da cerveja. Os programas de saúde pública condenam o abuso do álcool, e a mídia deixa transparecer que a bebida é fator de inclusão no mundo, caminho de auto-afirmação.
Na propaganda que o povo começou a chamar de "Brahmatouro", Ronaldo driblou o animal e abriu a garrafa no chifre do adversário vencido. Triste fenômeno! E ainda houve gente que só se lembrou de reivindicar mais respeito ao touro!
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/a-pedagogia-da-cerveja-na-midia-conivente

Rede Estadual terá regime de dedicação integral

No ensino básico, professores não poderão acumular aulas em outras escolas; em contrapartida, receberão gratificação; modelo começa em 2012

Sábado, 14 de Outubro de 2011, 23h06 - Estadão.com.br
 
O governo do Estado de São Paulo vai criar um regime de dedicação integral para professores e diretores da rede de educação básica. Os docentes não poderão acumular aulas em outras escolas e, em contrapartida, receberão gratificação. O novo modelo será iniciado a partir de 2012 em 19 escolas espalhadas pelo Estado - onde haverá ampliação de carga horária, de seis para oito horas diárias, além da criação de disciplinas eletivas.
 
As iniciativas fazem parte de um programa de ações voltadas à melhoria da educação, que será anunciado hoje pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e pelo secretário da Educação, Herman Voorwald. Serão anunciadas apenas ações referentes ao ensino médio. Em novembro, ocorrerá o anúncio de ações voltadas para o ensino fundamental - que passam por estudos e análises por equipes da secretaria. O foco será na recuperação do aprendizado.

No novo modelo de escola para alunos dos últimos anos da educação básica, além do aumento da carga horária, o plano é que haja integração entre as disciplinas do currículo. A mudança no regime do seus professores também é novidade. Não será uma carreira diferente, mas um regime diferenciado.

“Na mudança no regime de trabalho do professor, ele vai conhecer os alunos, identificar-se com eles e ser uma referência na escola. A ideia é incentivar uma carreira de 40 horas na mesma escola, porque muitos têm hoje jornadas de apenas 16 horas”, explica o diretor executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne. A fundação foi uma das 21 organizações da sociedade civil envolvidas em educação que participaram dos debates e grupos de trabalho que antecederam a finalização e anúncio do programa.

O coordenador da ONG Parceiros da Educação, Jair Ribeiro, outra entidade envolvida, ressalta que o programa é ambicioso, mas possível. “A visão do projeto é posicionar o sistema de ensino de São Paulo entre os 25 melhores do mundo e transformar a carreira do professor entre as dez mais desejadas do Estado.”

O programa também prevê ação diferenciada para 1.206 unidades de ensino consideradas vulneráveis. Nesses locais, haverá prioridade na formação continuada de professores e projetos focados na recuperação do aprendizado dos alunos.

De bem. A nova política de educação do governo teve início com o anúncio do aumento salarial gradativo de 42,2% aos professores - em pouco mais de 20 anos, um professor pode alcançar um salário equivalente a R$ 9,3 mil. As medidas, entretanto, envolvem questões importantes para Alckmin: apaziguar os conflitos com os sindicatos da categoria, que tiveram uma relação desgastada com a gestão anterior, de José Serra (PSDB).


quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Especial da Semana dos Professores: De onde vêm os professores?

Continuando com as postagens da Semana do Professor. Nesta semana postarei artigos escritos pelo professor Gabriel Perissé ao "Obseravtótio da Imprensa". Alguns desses artigos datam de anos atrás, mas com conteúdo bastante atual, o que nos mostra que há tempos são apontados os problemas e dificuldades enfrentados na educação desse país,  e que os avanços conquistados na área da educação tem se mostrado insuficientes no sentido de saná-los. Nessa semana em que se comemora o Dia do Professor é importante continuarmos nossa reflexão e luta constante por uma educação de qualidade nesse país.

Mirtes.

De onde vêm os professores?

Por Gabriel Perissé em 06/09/2005 na edição 345

Em recente entrevista à Folha Dirigida (Rio de Janeiro, 1/9/2005), o ministro da Educação Fernando Haddad lembrou que "não existe bom ensino fundamental sem professores formados nas universidades, nos vários cursos de licenciatura, Pedagogia e Normal Superior".
A pergunta dramática é se os estudantes que ingressam nestes cursos estão sendo devidamente formados, ou, mais dramaticamente ainda, se todos os professores universitários que lecionam nesses cursos estão aptos a transformar seus alunos em professores. De onde, afinal de contas, vêm os (bons) professores? Os professores que ministram suas aulas no nível superior foram, a seu tempo, orientados por bons mestres?
As perguntas incômodas, inoportunas, querem chegar ao ovo do qual nasceu a primeira galinha, ou à galinha que pôs o primeiro ovo. Quem ensinou quem a ensinar outro alguém a outro alguém ensinar? Basta um decreto? Basta o diploma? Bastam diretrizes, parâmetros?
Uma estudante universitária contou-me recentemente vários episódios que ela presencia diariamente numa tradicional faculdade paulista. Professor que joga pedaço de giz em aluno, professora que abusa de palavras "difíceis" para ocultar sua insegurança didática, professor que não tem hábito de leitura, professor que implica com aluno e ameaça puni-lo "na próxima vez que...", professora que troca o conteúdo da disciplina pela descrição de sua última e maravilhosa viagem à Índia...
Curiosidade, curiosidade...
Todos conhecem, felizmente, professores cujo talento e sensibilidade contrastam com a mediocridade consentida de muitos docentes. Acontece que sensibilidade e talento não são ensináveis. Existe manual infalível que ensine a ensinar? Dependeremos, então, da sorte para encontrar um professor à altura das nossas expectativas?
O relato da aluna universitária com quem falei não constitui uma reclamação isolada. Lamentavelmente, é um que representa milhares. Não se trata de fazer uma generalização indevida, pois de fato há, insisto, professores competentes, inesquecíveis, no ensino superior. Mas... serão inesquecíveis e competentes por que estudaram por sua vez em universidades cujo corpo docente sabia ensinar como ensinar?
A arte de ensinar é ensinável, sim, por contágio e inspiração, quando temos a oportunidade de conviver com mestres que encarnam o conhecimento e não simplesmente o transmitem.
Mais do que transmissores de idéias filosóficas, professores que filosofem conosco. Mais do que informadores de conteúdo previsto, professores que contextualizem tudo, e despertem a curiosidade insaciável. Mais do que cobradores de dados, textos, termos, acertos... professores que nos tornem repórteres atentos da realidade!

Prova do Mérito 2011 - Veja a nota de corte

Muitos leitores do blog tem perguntado qual foi a nota de corte da prova do mérito 2011. Saiu no Diário Oficial (na íntegra abaixo) , e a classificação de cada candidato estara disponível no sistema GDAE a partir do dia 13  de Outubro.
Mirtes

DOE – 11/10/2011 -  Poder Executivo - Seção I

EDUCAÇÃO


DEPARTAMENTO DE RECURSOS HUMANOS

PROMOÇÃO DOS INTEGRANTES DO QUADRO DO MAGISTÉRIO / 2011

COMUNICADO DO COORDENADOR Nº 10, DE 10/10/2011

O Coordenador da Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos da Secretaria de Estado da Educação, em conformidade com o disposto na Lei Complementar nº 1097, de 27 de outubro de 2009, regulamentada pelo Decreto nº 55.217, de 21 de dezembro de 2009, e de acordo com o Edital de Abertura de Inscrição para Prova - DOE de 11 de maio de 2011, comunica que foi publicada, no DOE de 30 de setembro de 2011 - Suplemento, a relação dos integrantes do Quadro do Magistério promovidos no processo/2011.
As notas da 1ª parte e da 2ª parte das provas foram somadas, obtendo-se a média aritmética, considerada como nota do candidato na prova, informações essas que se encontram disponíveis para consulta no site da Fundação Carlos Chagas
www.concursosfcc.com.br.O candidato aprovado poderá consultar, a partir 13/10/2011, a classificação obtida, via WEB, no sistema GDAE, utilizando o mesmo login e senha da inscrição, no link pertinente ao evento e seguir as orientações ali contidas.
De acordo com o item 37 do Edital de Convocação para Realização da Prova do processo de promoção/2011, publicado em 02/07/2011, havia previsão de recursos somente da parte objetiva da prova, para todos os campos de atuação, os quais
foram recebidos diretamente no site da Fundação Carlos Chagas.
Não havendo, portanto, previsão legal de recurso referente à parte dissertativa da prova.
Os servidores que atingiram o desempenho mínimo, previsto no artigo 5º da LC 1097/2009, foram classificados, de acordo com os critérios estabelecidos no artigo 6º da mesma lei:
1- Maior pontuação no processo de avaliação;
2- maior tempo de permanência na unida
3- maior pontuação na tabela de freqüência.
O desempate ocorreu pela maior idade do servidor, de acordo com o § 2º, artigo 9º do Decreto nº 55.217, de 22/12/2009.
Comunica, ainda, que de acordo com o § 4º do artigo 4º da Lei Complementar 1097/2009, foram promovidos os candidatos classificados dentro do limite de até 20% do contingente total de integrantes de cada uma das faixas das classes, existente na
abertura do processo de promoção, ou seja, maio/2011.
Destarte, apresentamos a nota de corte e a classificação do último candidato promovido, por classe:
Cargo                                             Nota             Última Classificação
Supervisor de Ensino                     8,15                232
Diretor de Escola                           8,00                664
Professor de Educação Básica I     6,09                8.760
Professor de Educação Básica II    6,00               26.618
Assistente de Diretor                      6,00                3
Coordenador pedagógico               6,60                1
Professor II                                     6,17                7
Os classificados com nota igual ou superior a 6 (seis) que não foram promovidos, não serão considerados remanescentes para o próximo processo de promoção, em conformidade com o Inciso II do artigo 9º da Lei Complementar nº 1.143, de
11/07/2011.


segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Especial da Semana dos professores: Apagão educacional - soluções não são simples

Nessa semana postarei artigos escritos pelo professor Gabriel Perissé ao "Obseravtótio da Imprensa". Alguns desses artigos datam de anos atrás, mas com conteúdo bastante atual, o que nos mostra que há tempos são apontados os problemas e dificuldades enfrentados na educação desse país , e que os avanços conquistados na área da educação tem se mostrado insuficientes no sentido de saná-los. Nessa semana em que se comemora o Dia do Professor  é importante continuarmos nossa reflexão e luta constante por uma educação de qualidade nesse país.

Mirtes. 

Crise vem de longe e soluções não são simples

Por Gabriel Perissé em 10/04/2007 na edição 428 - Observatório da Imprensa


Estava eu no aeroporto de Congonhas na inesquecível noite de sexta-feira, 30 de março, o da greve dos controladores de tráfego aéreo. Na fila confusa, sem que se soubesse o que iria realmente acontecer, uma senhora perguntou-me se eu era professor. Sou. Ela também. (Nas minhas mãos, um livro sobre pedagogia... tentando voar na leitura.)

Do apagão aéreo nossa conversa derivou para o apagão educacional. Contou-me a professora em que condições sua escola vive... ou morre: o giz não presta, o apagador não apaga direito, carteiras quebradas, violência, indisciplina, diretora sem rumo, crianças cujos pais estão envolvidos com drogas, falta de perspectiva para professores e alunos.

– Não sei se o senhor é amigo de político – disse-me a professora, que pretendia visitar os pais no Nordeste depois de 10 anos sem ir até lá – mas uma coisa eu aprendi: os políticos não são amigos da escola.

O vôo educacional reduzido a um cotidiano sem horizontes. Quem pode recorrer ao ensino pago ainda nutre esperanças (com a condição de que seus filhos recebam também vida familiar verdadeira, alimentação de qualidade, plano de saúde, acesso à cultura, à internet, idiomas, lazer etc.). Já aqueles que dependem do ensino público... esses sequer sabem onde fica o aeroporto.

O Pisa e o piso

Claudio de Moura Castro, em sua coluna na revista Veja (edição 2002), apresenta uma lista de indicações, uma receita de sucesso escolar. Segundo o economista, decola a escola cujo diretor tenha liderança, autonomia e seja constantemente avaliado. Decola se os professores forem valorizados, apoiados, guiados, estimulados e também avaliados. Decola se houver metas claras, se houver disciplina, se a família acompanhar as crianças. Decola se os professores "nunca ouviram falar nem nos autores nem nas teorias da moda pedagógica".

Nenhuma palavra do articulista sobre o contexto nacional e sua complexidade. O modelo está na Finlândia, e numa exceção localizada no Piauí (o Instituto Dom Barreto, em Teresina, com um projeto educacional de inspiração católica). Na Finlândia, os professores se orientam pelos critérios do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Alunos), e treinam seus alunos para se destacarem segundo esses critérios. A realidade brasileira, no Piauí e em São Paulo, é outra... – bem outra. Antes do Pisa, seria necessário falarmos sobre o piso salarial dos professores...

Dicas para gerenciar escolas são insuficientes. O apagão educacional vem de longe, e as soluções não são óbvias nem simples.


sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Haddad anuncia pós-graduação de graça para professores da rede pública



Da Redação – uol educação
Em São Paulo


O ministro da Educação e pré-candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, anunciou nesta sexta-feira (30) a criação de um “Fies do professor”, por meio do qual os docentes de escolas públicas poderão fazer cursos de mestrado e doutorado em educação de graça em instituições privadas.
O anúncio foi feito durante um evento sobre educação infantil, feito pelo sindicato municipal dos trabalhadores na educação infantil de São Paulo.
Segundo o MEC (Ministério da Educação), o regulamento do programa será definido nos próximos dias, mas, a princípio, o professor que trabalhar na rede pública terá a dívida abatida “automaticamente”.

Anúncios de impacto

Haddad assumiu a pré-candidatura no começo de agosto e tem feito, desde então, anúncios de impacto na área da educação.
Durante a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no começo do mês, Haddad disse que pretendia distribuir tablets para alunos de escolas públicas a partir de 2012. Ele não soube dizer, na época, quantos equipamentos seriam comprados, mas afirmou que o volume seria de “centenas de milhares”.
No dia 13, o ministro tornou público que o MEC estuda ampliar o total de dias letivos nas escolas brasileiras –atualmente, em 200 dias. "Ou ampliamos o número de horas por dia ou, caso não haja infraestrutura para isso, aumentamos o número de dias letivos. Mas essas alternativas não são excludentes", afirmou Haddad, na época.
Questionado, o MEC afirmou que não há relação entre a pré-candidatura e os anúncios.


http://noticias.uol.com.br/educacao/2011/09/30/haddad-anuncia-pos-graduacao-de-graca-para-professores-da-rede-publica.jhtm

Resultado da Prova do Mérito 2011 - Lista dos Aprovados

Lista dos aprovados na Prova do Mérito 2011.
Acabou a espera, os professores que foram aprovados vão receber no mês de Outubro, com aumento retroativo ao dia 01 de Julho.

Veja o resultado:  http://diariooficial.imprensaoficial.com.br/nav_v4/index.asp?c=15&e=20110930&p=1

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Educação: qualidade exige qualidade!

MÍDIA & EDUCAÇÃO

Por Gabriel Perissé  - edição 577 –Observatório da Imprensa


Os textos e discursos sobre a educação brasileira, não é de hoje, deveriam nos levar a uma situação de impasse. E a consciência desse impasse poderia ser o começo de novo comportamento mental, a desembocar em ações práticas mais eficazes.
Citemos, por exemplo, os títulos de dois livros do educador Arnaldo Niskier: S.O.S. educação (1991) e Apocalipse pedagógico e outras crônicas (2007). A educação precisava ser salva há duas décadas... e não foi. Chegamos, portanto, ao fim? Não seria mau... para recomeçar.
A julgar pelo clima verbal da mídia a respeito da educação, a ideia de que a educação brasileira é calamitosa deixou de ser ideia. Tornou-se palpável como uma pedra no meio do nosso caminho, à força de repetidas declarações nos últimos 50 anos:
"A presente situação da educação no país é nada menos que calamitosa." (Darcy Ribeiro, quando ministro da Educação, em 1962, conforme Veja)
"A educação, no Brasil, é um problema social de inacreditável gravidade." (Florestan Fernandes, sociólogo e político, em 1989)
"A situação da educação é dramática no Brasil." (Dom Raymundo Damasceno de Assis, quando secretário-geral da CNBB, em 1998)
"A educação no Brasil é um fracasso." (Gastão Vieira, quando deputado, político do PMDB, em 2006)
"A educação brasileira é uma calamidade." (Ana Maria Machado, escritora, em 2008)
"Na média, a educação do país está em estado trágico e vergonhoso." (senador Cristovam Buarque, em 2008)
"A educação brasileira é um lixo." (deputado Ciro Gomes, do PSB, em 2009)
"A educação brasileira é uma das piores do mundo. [...] O ensino público brasileiro é um perfeito desastre." (Marcos Bagno, professor, em 2009)
Dois problemas complicados e implicados
Ou, em tom menor, como nesta declaração eufemística: "A situação educacional brasileira é muito complicada" (César Callegari, sociólogo). Na qual, o adjetivo "complicada" é menos forte do que "trágica" ou "calamitosa", mas explicaria por que a tragédia não teve um desfecho, por que o lixo ainda não foi recolhido, ou por que a calamidade se arrasta há tanto tempo.
O problema quantitativo, o do acesso, chaga do nosso sistema de ensino que se tornou evidência incômoda em meados do século 20, denunciada, por exemplo, no livro Educação não é privilégio, de Anísio Teixeira (1957), foi e é visto como prioridade nacional, ainda que tenham surgido vozes discordantes, como a do ministro da Educação Jarbas Passarinho, em plena ditadura, numa entrevista à revista Veja (12/11/1969):
"Muita gente dá grande importância ao problema quantitativo e eu acho extremamente secundário. O grande problema para mim é o qualitativo da educação brasileira. Eis aí uma linha de ação geral muito importante. Antes ter um analfabeto do que um alfabetizado vítima de um sistema farsante de Educação. Não estou dizendo que o nosso atual é. Respondo em tese, mas por isso eu admito que a qualidade do ensino deve se sobrepor à quantidade. Primeiro devemos ter qualidade, para depois então ganhar a batalha do número, a batalha dos bolos, como diz muito bem o Mário Simonsen."
Na verdade, os dois problemas são importantes e estão relacionados. O acesso deve ser universal e de qualidade, respeitando-se as inclinações e escolhas dos estudantes. Ou teremos então de aceitar o raciocínio oposto ao de Jarbas Passarinho, como o do economista Gustavo Ioschpe, na mesma Veja, quatro décadas depois (13/02/2008), ao afirmar que "é preferível para o país ter um balconista com diploma superior a outro analfabeto".
Talvez o desafio da qualidade tenha sido postergado, ou mal trabalhado, no momento em que, também inadiável, era o enfrentamento do desafio da quantidade.
Ainda é preciso muito arroz com feijão
Seja como for, o senador Demóstenes Torres (DEM), referindo-se a "mais uma década perdida" na educação, faz em artigo recente (O Globo, 04/02/2010) afirmações que vale a pena ressaltar:
"Por conta das inúmeras oportunidades perdidas de implementar um sistema educacional decente, continuamos a apresentar índices de atraso que superam até mesmo os países mais pobres da América Latina, que temos a honra de liderar no plano geopolítico."
"Enquanto o Brasil não se definir pela universalização da Escola em Tempo Integral, o sistema educacional vai continuar a formar analfabetos funcionais de alto custo financeiro."
"Estamos a desperdiçar tempo e dinheiro, além de pôr em dúvida a real capacidade de nos convertermos em um protagonista global confiável, já que não se pode levar a sério uma nação com indicadores educacionais piores do que a Bolívia."
O senador está se referindo ao Relatório de Monitoramento Global da Educação para Todos 2010 da Unesco, em que o Brasil, embora sejam ali reconhecidos os esforços do MEC, continua com índices altíssimos de repetência no ensino fundamental, um analfabetismo indecente, renitente e com novos contornos, e outros problemas crônicos que se traduzem num IDE (Índice de Desenvolvimento da Educação para Todos) de 0,883 (a escala vai de zero a 1) [ver, neste OI, "A educação brasileira e seus números"). Algumas outras informações oferecem mais lenha para a fogueira das manchetes: dos 195 mil estabelecimentos de ensino do país, quase 10% (mas já foi pior!) não têm energia elétrica, 37% carecem de biblioteca e em 10% não há banheiros.
Isto significa que, não obstante o destaque econômico do país na América Latina, não obstante o trabalho incansável e meritório do atual ministro da Educação, Fernando Haddad, ainda precisamos comer muito feijão com arroz para demonstrar excelência no campo da educação, ou ao menos sair do grupo dos medíocres, e chegar ao nível de Argentina, Cuba, Uruguai, Chile, México e Venezuela.
Calamidade ou inquietação exagerada?
Teremos razão em corroborar o consenso de que a educação no Brasil é um lixo, uma calamidade, um desastre, aceitando o que a mídia capta e faz repercutir e, com ela, divulgando como fato inconteste, em conversas, em textos, em palestras, o nosso vergonhoso colapso educacional? O fato de ainda haver 14 milhões de analfabetos no Brasil significa que somos realmente um caso perdido? E que a situação dos que frequentam as nossas escolas não é muito melhor, haja vista que milhares, milhões de estudantes têm baixo nível de conhecimento de leitura e escrita, dificuldades insanáveis para aprender matemática, aversão às ciências, em comparação com o padrão de ensino europeu?
É preciso refletir com calma, sem cair numa inquietação exagerada... e paralisante. Nem é mentira que estamos numa situação educacional difícil, comprometedora, mazelenta, nem é totalmente verdade que a educação brasileira é um lixo, que não presta para nada, nem para reciclar...
Primeiramente, temos de admitir que existe educação de qualidade no Brasil, tanto no ensino público como no particular. São exceções que as avaliações apontam, o que é de se lamentar, certamente. Mas é um dado que, modesto, não vamos ignorar. Deve ser mencionado e divulgado. É possível identificar escolas, professores, alunos, famílias, municípios que se encontram no círculo, pequeno mas real, da qualidade satisfatória. É estratégico reconhecer esse fato para vislumbrarmos saídas concretas do impasse a que estamos chegando.
Sabemos que há muita alfabetização fictícia, insuficiente, mas também temos de reconhecer que, embora exíguo, há um contingente de estudantes que leem e escrevem bem, que há no Brasil consumidores/apreciadores de leitura e produtores/criadores de texto.
Em suma, generalizações indevidas, por piores que sejam os indicadores a autorizar essas generalizações sobre a falência da educação no Brasil, ajudam muito pouco. E não se trata de ocultar o mal e partir para o mundo dourado, mostrando as exceções de qualidade, os heroísmos eventuais, como exemplos de que a culpa está na classe docente despreparada. O problema educacional tem várias dimensões a serem analisadas em conjunto. E é com uma visão ampla, aberta às contradições e às boas possibilidades, que nós, e a mídia, devemos discutir educação. O fascínio pelas hecatombes nos impede de ver oportunidades, por menores que sejam. Uma certa obsessão pelo pior tende a nos tornar céticos, e a encerrar a história cedo demais.
Indicações para novas abordagens
Proponho algumas correções de rumo em nossos textos e declarações (e em nossas práticas) sobre a educação nacional, com a finalidade de evitar que a sensação de catástrofe total inviabilize as possibilidades, existentes, reais, de reação e melhoria, mesmo que a longo prazo:
** Não nivelar todas as escolas por baixo, mas enfatizar a qualidade, onde quer que ela esteja.
** Qualidade não é uniformidade: sempre haverá disparidades, logo, o ideal não é que todos sejam ótimos, mas que todos melhorem sempre, respeitando-se características e idiossincrasias regionais (bairros, cidades, estados...).
** Identificar as características que fazem uma escola (pública ou privada) ser bem-sucedida, sem encarar tais circunstâncias como algo excepcional. Qualidade serve como inspiração.
** Quem critica a falta de qualidade da educação deve propor saídas com ações de qualidade.
** Qualidade educacional implica vida profissional de qualidade: as condições de trabalho dos professores devem melhorar, incluindo salários que, como contrapartida, tragam-lhes exigências de atuação da melhor qualidade.
** Avaliações não falam sozinhas, é preciso interpretá-las pedagogicamente. O fracasso escolar em língua portuguesa e matemática não impede a eclosão da qualidade em diferentes caminhos existenciais: técnicos de grande habilidade, artistas criativos, excelentes esportistas e outros tipos de profissionais.
** As avaliações, por mais desagradáveis que sejam seus resultados, não devem nos impressionar além da conta. São motivo (termômetro) para olharmos a realidade (doente, febril), com qualidade de visão, e não só para produzir lamentações desqualificadoras... até que sobrevenha a morte.
** As avaliações são menos importantes do que os problemas, e os problemas, se encarados com honestidade e qualidade, tornam-se uma chance para que os críticos se transformem em líderes sociais.
** Ensino de qualidade implica quantidade de horas: é necessário que o período escolar seja de no mínimo seis horas diárias, do ensino fundamental ao médio.
** A educação é uma questão que interessa aos políticos, aos profissionais da mídia, aos economistas, aos empresários, mas é, sobretudo, uma questão que cabe aos educadores, filósofos e poetas analisarem e nela atuarem livremente, com o apoio dos políticos, profissionais da mídia etc.


http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/qualidade-exige-qualidade

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Geração Harry Potter

Carta Capital - Mário Corso


O segredo do feliz encontro dos jovens e a saga dos bruxos, marco da literatura de ficção. Por Mário Corso, para a Carta na Escola


O observador desavisado pode pensar o fenômeno Harry Potter apenas como um investimento bilionário da indústria cultural. De fato foi, mas só depois de ter trilhado um caminho solitário, com tropeços e sem outro incentivo que não o de ter tocado o coração dos seus primeiros leitores. Foi na base de uma difusão boca a boca que esse livro, de uma autora estreante, conseguiu seus pequenos admiradores.
Claro, depois da história se provar viável, a mídia investiu forte e fez dela o que é: marco literário da ficção para jovens. Podemos inclusive falar que existe uma “geração Harry Potter”. São jovens que estão hoje ao redor dos seus 20 anos, que nasceram em torno da década de 90 e pegaram a onda quando chegavam à puberdade ou no começo da adolescência. Em razão de que outras marcas ideológicas entraram em declínio, tornou-se comum as pessoas se referenciarem e identificarem na condição de consumidoras de certas obras literárias. O universo que J.K. Rowling criou é sem dúvida uma delas, mas esse fenômeno é partilhado por fãs, até então mais velhos, de sagas como Star Trek, O Senhor dos Anéis ou Star Wars, a galáxia distante de George Lucas. As crianças que celebrizaram o bruxinho de Rowling, além de habitar esse complexo reino mágico, o acompanharam enquanto ele nascia, com cada livro e filme aguardados ansiosamente. Ou seja, trata-se de uma geração e uma série que cresceram juntas.
Mas o que podemos aprender com o fenômeno Harry Potter? Se ele realmente fez eco em tantos é impossível que não traduza questões que estão postas para esses jovens. Uma resposta para esse encontro feliz entre obra e geração está no mais óbvio: a busca da magia, mas entender o que significa essa magia é algo que requer um esforço a mais.
Max Weber notava que a marca mais forte da modernidade foi o desencantamento do mundo, no sentido do pensamento mágico que revestia o cotidiano, a cultura e o raciocínio dos antepassados. O declínio das religiões e o avanço do pensamento científico reposicionaram o homem ante o cosmo. Mas, infelizmente, as promessas do iluminismo, da ciência, da razão, falharam.

ESPAÇO MÁGICO

Acreditávamos num mundo racional, no qual, graças ao avanço das ciências, as paixões humanas perniciosas estariam dominadas, mas o que realmente vivemos foram duas guerras mundiais que devastaram a Europa, supostamente o lugar mais avançado. Acrescentem-se a isso Hiroshima, Auschwitz, totalitarismos e a Guerra Fria, com sua possibilidade de um desastre nuclear em que todos perderiam. O século XX é um cemitério de promessas, como então seguir confiando em tais ideais? Assim, o apelo ao mágico dessa série ganha contornos de uma crítica nostálgica ao nosso tempo. A sobrevivência da barbárie tornou inegável que ainda existem fatos obscuros nos homens e na sociedade, que a ciência e a razão não conseguem explicar suficientemente. Representando uma forma lúdica de lidar com esse lado sombrio, a literatura nos restou como o único espaço possível da magia.
Acompanhando os acontecimentos do mundo dos bruxos e as batalhas de Potter, fica claro que Rowling está em busca de circunscrever o mal. Afinal, uma das questões que está em aberto é sobre a essência do mal. O que ele seria? Como entendê-lo e principalmente, como contê-lo? Haja feitiços suficientes para neutralizar e tentar reparar um século tão trágico como o XX!
Especialmente no Brasil, temos uma dificuldade com a ficção de inspiração mágica. Nossa literatura é essencialmente realista, com poucas exceções, e nosso pensamento político lhe faz eco. A ideia de fundo é: como, com tantos problemas sociais, poderíamos reforçar o pensamento mágico, já que este nos afastaria da nossa difícil realidade?
Por sorte os jovens não aceitaram essa prevenção absurda, que não capta a essência das possibilidades da fantasia. O mundo fantástico permite outra forma de apreensão da realidade e não um afastamento. Quem imagina o mundo encantado de Rowling como refúgio idílico onde encontraremos as bondades do Papai Noel vai se sentir traído: ele é mais assustador e perigoso que o nosso. Não existem concessões, meio termo, nem ilhas de sossego. O que encontramos lá é uma luta política contínua, com traições, mortes e golpes baixos a todo o momento. Os heróis dessa saga sofrem sem tréguas e a mensagem é que só o engajamento e a disputa corajosa podem resolver seus destinos e os daquele reino.
Apesar de usar o acervo mitológico clássico com tempero gótico, é muito provável que o cerne mítico que está embutido em Harry Potter seja indissociável da experiência europeia com o nazismo. Filosoficamente, a Segunda Guerra é uma ferida não supurada, ainda não a entendemos em todos os seus mecanismos. Acredito que a geração de agora, por meiodessa obra, a recebe de maneira indireta e mítica, por ser a primeira que não foi tocada diretamente pelos seus tentáculos de horror, perplexidade e luto.
Harry Potter trilhará o mesmo caminho de Peter Pan, Pinóquio, Alice, Dorothy e tantos outros, figurando entre os heróis infantis de todos os tempos. Seu sucesso provavelmente não se repetirá com tanta força nas próximas gerações, primeiro porque tem o sabor do ethos da que passou e também porque, por se tornar um clássico, essa história será conhecida e recomendada pelos adultos. As crianças gostam de compartilhar com seus pais as histórias que as encantaram, mas também gostam de ter um universo onde elas saibam mais, onde elas sejam mestras dos caminhos. Para a primeira geração, foi uma experiência de independência: seus pais não eram iniciados nos assuntos do bruxinho, já para os filhos desta, talvez ele se torne personagem de uma história familiar.
Há algumas décadas, Umberto Eco ponderava sobre o que aconteceria caso um professor universitário pedisse a seus alunos que fossem tão dedicados a um assunto qualquer quanto eles eram devotos ao mundo enciclopédico de Tolkien. Ele não seria seguido e certamente arranjaria uma briga e tanto. Talvez, o que possamos dizer sobre isso é que esses universos mágicos nos apaixonam também porque não somos obrigados a entrar. A porta está aberta e espiamos por suspeitar que ali vamos nos divertir, nos assustar e ter contato com dimensões do humano que só a literatura nos proporciona.

Mário Corso é psicanalista e autor, entre outros, de Psicanálise na Terra do Nunca: Ensaios sobre a Fantasia, escrito com Diana Corso (Artmed)
http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/geracao-harry-potter