terça-feira, 1 de março de 2011

Baladinha ou Grande Cilada?

Vou postar abaixo o Artigo do Professor Sérgio Dalaneze (presidente do conselho dos direitos da criança e do adolescente de Rio Claro). 
O artigo foi publicado no jornal de Rio Claro-SP e teve uma boa repercussão na cidade.
Como me falou o próprio Sérgio, não é sobre Educação, mas é sobre Educação.
Esse  texto é interessante para ser lido por todo cidadão e as escolas poderiam trabalhá-lo nas reuniões com os pais. Fica aí mais uma sugestão de leitura para reflexão.
Obrigada professor Sérgio pela colaboração com o blog!


BALADINHA OU GRANDE CILADA?

       A Baladinha para crianças,  divulgada como a  grande novidade dentro das programações sociais de um clube da nossa cidade, causou-me estranheza e inquietação.
            O anúncio chamava a atenção do público para mais uma alternativa de diversão para as crianças de 08 a 13 anos. A chamada baladinha, com direito a DJ, vídeoclipes, som, iluminação e tudo mais.
            A baladinha pode ser novidade em Rio Claro, mas não o é em outras cidades da região. Parece até que é mais um modismo, ou até mesmo uma tendência.
            O que me traz estranheza e inquietação é pensar se a baladinha é realmente uma boa alternativa de diversão para a garotada. Ou seja, será que não há alternativas melhores? Será que o ambiente de som alto, luz, vídeos até as 22h30min é um ambiente saudável para uma criança de oito anos? Será que todos que freqüentam a baladinha, estão para a pura diversão ou tem outros interesses? Será que freqüentar baladas a partir dos 08 anos não é queimar etapas no desenvolvimento da criança e inserir um comportamento de adulto na criança?
            A resposta deve ser dada pelos pais, pois a eles cabe o direito e o dever de decidir o que é melhor para os seus filhos. Mas, além do âmbito particular da educação, cabe um debate maior, mais abrangente em que seja possível as pessoas se manifestarem, uma vez que há pais que atendem aos caprichos de seus pupilos sem pensar muito nas conseqüências.
            Todos sabemos da precocidade que assola nossas crianças em relação a comportamentos e atitudes, principalmente no campo da sexualidade.  A cada dia é mais comum as meninas vestidas e maquiadas de moças. A cada dia fica mais comum o beijo, o “ficar” e até a “transa” entre adolescentes. A cada dia é mais comum a criança e adolescente serem tratados como destinatários do consumismo.
            Todos sabemos que a vida moderna exige muito tempo de trabalho dos pais, que os priva do convívio dos filhos, então será que o domingo á noite não é um bom momento para o lazer, a brincadeira, a troca de experiências e afazeres entre pais e filhos.
            Talvez seja preciso olhar a inocente baladinha com outros olhares, não só como a ingênua diversão para crianças, mas também como um mecanismo de educação de nossos filhos. Educação para um determinado tipo de música, de vídeo, de diversão, enfim, uma determinada educação para o consumo.
            A educação de nossas crianças é o assunto mais importante dos pais e da nação, porque diz respeito ao nosso futuro, por isso é necessário pensar se a baladinha é apenas um diversão ou uma grande cilada?
               

Sérgio Dalaneze
Advogado, professor e, atualmente, presidente do conselho dos direitos da criança e do adolescente de Rio Claro.

3 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Pessoal, precisamos barrar essa precocização (neologismo = ato de tornar precoce) das crianças. Quando visitei uma escola municipal e vi a "baladinha" oferecida para crianças de SEIS ANOS (1º ano EF) na sala de informática (escura e com ar condicionado), pensei que era apenas uma "criatividade" (argh!) das professoras, mas, PAI ETERNO, é um modismo... Por favor, DEIXEMOS AS CRIANÇAS SEREM CRIANÇAS!!!! Ou teremos adultos infantilizados, ansiosos e precocemente... ENVELHECIDOS!

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  3. Pois é Daniel, que adultos queremos que essas crianças se tornem? Que valores estamos passando para elas?
    Precisamos combater a idéia, quase generalizada, de que tudo é "normal", de que não tem problema algum em ver uma menina de 5 anos na TV dançando "na boquinha da garrafa", que é normal uma balada para crianças...
    Cadê a corda, amarelinha, bolinha de gude, pipa...cadê a conversa entre pais e filhos?
    Criança tem que ser criança!!!!

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