segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Recomeçando um ideal

 Depois dessa pendenga judicial e do seu resultado desfavorável aos professores (mais uma vez!!), é difícil retomar os ânimos, mas professor é teimoso e apesar de todas as dificuldades, não abre mão de sua profissão e de sua luta por um país mais justo, e sabe que para isso é preciso, entre outras coisas, uma educação de qualidade.
Hoje recebi  um texto do Professor José Ronaldo, caiçara, professor, contador de histórias e idealista na arte de educar. Transcrevo-o abaixo, e quem sabe assim, amenizar um pouco a dor da derrota judicial de hoje, e dar fôlego a nossa luta cotidiana.
Abraços,
Mirtes
        

Recomeçando um ideal
Prof. José Ronaldo dos Santos
            No ano de 1972, na escola da beira da estrada, no Perequê-mirim, as professoras Valda e Olga tinham uma tarefa muito séria: transformar um grupo de caiçarinhas em ótimos estudantes, capazes de entender e transformar o mundo. Creio que esta é ainda a principal função da escola!
         Nós vínhamos de várias distâncias a pé: as filhas da Maria de Góis moravam na divisa da Enseada com a Toninhas; Jandira, Horácio e os filhos do Geraldo eram do Sertão (do Perequê-mirim). Muitos eram da Enseada. Quase ninguém faltava às aulas porque o sentimento de responsabilidade era muito forte. Também ninguém queria ficar para trás, ser ultrapassado pelos outros. Era uma vergonha!
        Hoje, me preparando para iniciar o ano letivo de 2012, retorno o olhar para a imagem da minha turma em 1972: Verinha é professora, Carlinhos trabalha na área náutica, Helena é enfermeira, Fernando faz parte do policiamento, João é comerciante e assim por diante. Todos estão por aí na luta.
        Foi a escola quem forneceu as principais ferramentas para que todos pudessem enfrentar a vida como enfrentam. Aos nossos primeiros mestres (Valda, Olga, Pedro Eurico e Osmildo) a nossa eterna gratidão.
        Novo ano, novos desafios na escola: continuar alimentando a cidadania capaz de gerar outro modelo de sociedade, onde a dignidade humana e a natureza sejam respeitadas.
            Quando vejo alguns resultados, tais como os da Paula, minha sobrinha, estudante da escola pública (Deolindo) até 2011 e aprovada nos três vestibulares prestados (Federal de Viçosa, Unesp e USP), fico feliz e ganho outro ânimo para o trabalho.
        Bom trabalho e muita saúde a todos os docentes! Feliz ano letivo!

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