quinta-feira, 28 de julho de 2011

Fim da exigência de títulos de mestrado e doutorado para ministrar aulas em instituições de ensino superior

Como se já não bastasse a autorização do MEC para o funcionamento de cursos de "porta de garagem" que se proliferam nas cidades, agora mais esse projeto de lei vem mostrar que nesse país a educação é tratada com descaso, atendendo sempre aos interesses privados em detrimento de uma educação de qualidade. Isso sim me dá vergonha e não o derrota do Brasil para o Paraguai na Copa América!
Mirtes. 

Democratização ou interesses privados?
Fernando Vives
11 de julho de 2011

Oficialmente, a livre docência no ensino superior do Brasil só pode ser exercida por mestres e doutores, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) vigente. No entanto, um projeto de lei do Senado, que tem Alvaro Dias (PSDB-PR) como relator, pretende dispensar a necessidade de pós-graduação em instituições superiores.
O projeto do senador tucano, de número 220/2010, foi aprovado à francesa na Comissão da Educação do Senado em junho último e deve ser discutido em sessão da Casa nas próximas semanas. Uma vez aprovado, qualquer pessoa com nível superior poderá dar aula em qualquer universidade do país.
No sistema atual, há muitos casos em que a instituição superior tem professores ainda sem mestrado dando aulas. Mas estes casos se enquadram em uma concessão do MEC (Ministério da Educação) até que a instituição se organize para ter profissionais gabaritados, com prazo definido.
A ideia dos idealizadores do projeto 222/2010 é democratizar o ensino superior, com mais gente dando aula em mais faculdades. No entanto, a possível mudança gera preocupação nos meios acadêmicos. A Federação dos Professores do Estado de São Paulo divulgou nota declarando considerar um retrocesso a mudança: “Os empresários do ensino privado, que nunca dormem no ponto, viram na proposta uma grande oportunidade para flexibilizar as regras de contratação em todos os cursos da rede privada. Para tanto, tiveram o apoio do senador Alvaro Dias, relator da proposta na Comissão de Educação. Generoso, o parlamentar manteve a possibilidade de contratar graduados, suprimiu a ‘relevante experiência profissional’ e ainda estendeu a flexibilização para todos os cursos”.
O professor José Roberto Castilho Piqueira, da Escola Politécnica da USP, é incisivamente contrário à proposta do senador tucano. “Muitas vezes algumas universidades particulares mandam o professor embora quando ele faz o mestrado ou o doutorado, porque tem que pagar salários maiores para ele. O espírito desta emenda, na minha opinião, é o ‘tá liberado’. Posso contratar qualquer pessoa com qualquer nível de graduação, mesmo com formação parca, para aumentar meus lucros”, afirma.
Castilho Piqueira também enxerga a possível mudança como anti-democrática. “Existe uma demanda muito forte para os cursos de Engenharia e Tecnologia para as próximas décadas no Brasil. O Estado investe muito dinheiro na qualificação de profissionais através do Capes, Faperj, Unifesp e outras. E, no entanto, quando você permite essa mudança, faz com que os mestres e doutores formados com dinheiro público não devolvam esse conhecimento à sociedade. É um desperdício. Os que querem a mudança vestem uma fantasia de liberais e nos pintam como autoritários, como quem diz que esses caras acham que só título que interessa e nós sabemos reconhecer o trabalho prático. Na prática, isso é balela”, complementa Piqueira.
Já existe uma petição online para pressionar o Senado a votar contra a o projeto de lei 222/10. 


http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/democratizacao-ou-interesses-privados

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Polêmica sobre o uso de coleiras em crianças

Adereço novo, questão antiga

Uso de coleira em crianças evoca discussão sobre os limites da autonomia e do controle na educação familiar; usuários apostam no artefato pela segurança
Fabiana Macedo – Revista Educação – Edição 171

De um lado, a fita resistente presa a um peitoral. A outra ponta fica nas mãos de um adulto, que puxa o encoleirado por uma praça. A cena seria considerada corriqueira, caso o utensílio estivesse sendo empregado para o controle de um animal doméstico e não de uma criança. Usada há décadas em países como EUA e Japão, a coleira chegou ao Brasil há cerca de dois anos e é motivo de polêmica entre pais e educadores. De um lado estão os adeptos da ideia, que evocam a segurança, a praticidade e a liberdade controlada. Do outro, aqueles que abominam a iniciativa, e fazem críticas diretas aos adultos que passeiam com seus filhos encoleirados.

É importante lembrar que coleira não é mais a mesma: evoluiu do modelo usado anteriormente, preso ao pescoço e ao pulso das crianças, para um jeitão de brinquedo, na forma de mochilas e bichos de pelúcia que são atados ao tronco dos filhos. Mas, mesmo com visual lúdico e renovado, ela é capaz de chocar, pois evoca, de um lado, controle absoluto e, de outro, submissão à força, valores que não desfrutam de boa reputação entre educadores e psicólogos. Para eles, é como se a controvertida coleira fosse uma espécie de apoio, uma muleta para o adulto que não assume a responsabilidade de conduzir a criança, por insegurança, medo da responsabilidade ou simplesmente preguiça. "Trata-se de uma facilidade para os pais e não para os filhos. Não vejo nada de positivo nisso", dispara a psicóloga e educadora Rosely Sayão.

Nesses termos, o que entra em discussão é a falta de preparo da família para lidar com a esperteza, lucidez e agilidade dos filhos, que têm sede de informação e de experimentação das coisas que surgem ao seu redor. E inibir este ímpeto, segundo os especialistas, ainda mais de forma brusca, puxando o menor por uma fita, é podar uma oportunidade de desenvolvimento ou tirar de quem está conhecendo o mundo a oportunidade de aprender com seus próprios erros. Na visão de alguns educadores, o uso da coleira faz com que a criança deixe de experimentar e aprender com as consequências de suas ações e de seus movimentos. Ausência que pode ser problemática no futuro: como elas enfrentarão o mundo real quando adultas?

Os adeptos

Entre aqueles que não enxergam problemas com a coleira está Ana Merzel, coordenadora de psicologia do Hospital Israelita Albert Einstein. Para ela, a guia pode ser comparada a um andador, recurso recomendado antigamente para antecipar os primeiros passos das crianças. Ela afirma não ser contra o uso do acessório. "Todos recomendavam o andador e depois descobriram que não era bom. Agora é a vez da coleirinha. Em qualquer situação é preciso avaliar o uso, ter bom senso e respeitar a opinião da criança, que tem de entender a função do acessório", explica.

Para os usuários, o artefato se configura como um meio de proteção eficiente. "Eu uso e recomendo", diz Cristiane Paulon, mãe de Sofia, 18 meses de idade, que afirma ter nos sequestros em shoppings, atropelamentos e outros acidentes com crianças uma motivação para adotar a coleira esporadicamente nos passeios em família. Segundo ela, a filha adora correr e odeia ficar com as mãos dadas, por isso atá-la à mochila de sapinho em lugares cheios foi a solução encontrada. "Ela se sente à vontade e eu fico despreocupada", defende.

"Se a criança corre, é porque está sem um adulto para contê-la", opina Roseli Sayão. Para a psicóloga, os pais não devem limitar os movimentos da criança, mas acompanhar os passos dos filhos para entender as dúvidas e encantamentos da criança, fazendo prevalecer a autoridade do adulto quando necessário. Com essa atitude, o pai pode criar explicações didáticas sobre as consequências de ações indesejáveis ou arriscadas. Poderá explicar, por exemplo, o motivo de pedir que a criança não corra sozinha ou coloque as mãos em uma vitrine, derrube produtos nas lojas, mexa no lixo, bata nos vidros, entre outras ações que podem ser perigosas ou incômodas a ela e às outras pessoas em volta.

Renata Waksman
, secretária do Departamento de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, vai além e qualifica o argumento da segurança usado pelos pais como uma "ilusão". "É uma falsa sensação de segurança", argumenta. Segundo ela, as crianças pequenas se sentem presas, podem cair e se machucar com a guia. Em vez de optar pela coleira, os pais poderiam escolher locais seguros e adequados para levar os filhos. Se houver aglomeração, talvez o lugar não seja adequado para os pequenos. "Se for necessário ir a um local com muita gente, a melhor opção são os carrinhos dobráveis", complementa a secretária. "São fáceis de carregar, têm cinto de segurança e são muito mais confortáveis para as crianças."

Impactos no futuro

Outro ponto importante levantado pelos especialistas diz respeito à insegurança causada pelo uso frequente da coleira, já que as crianças podem associar o desenvolvimento de determinadas tarefas ao fato de estarem presas a um adulto. Mas há quem garanta que a experiência não gera nenhum tipo de dano psicológico. "Eu usei e vou colocar nos meus filhos", afirma a jornalista Marina Valle, que não sofreu nenhum trauma por ter usado a coleira. "Muito pelo contrário: eu me sentia protegida, principalmente em locais com muita gente desconhecida em volta", reforça. Mesmo apoiando uso do acessório, a jornalista contou uma cena significativa para quem acredita que a coleira é um recurso inaceitável: "uma família entrou na locadora e a mãe tinha uma coleira no filho, que não parava de gritar e mexer nas coisas, e ao lado o cachorro andava solto e obedecia a todos os comandos da dona". Uma inversão de papéis que justifica discussões mais amplas e complexas, que tratem dos limites da educação e das regras de convivência social.

Para Roseli Caldas, coordenadora da Representação Paulista da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, a situação descrita remete à ideia de autonomia dos filhos, que é tão almejada pelos pais. Para alcançá-la, diz a coordenadora, as regras devem ser discutidas, contestadas e, então, assimiladas, de modo que não seja mais necessário o controle externo - muito menos o físico. Nesse processo educacional, estão presentes a argumentação, bem como a importância de que, às vezes, mesmo sem compreender totalmente, a criança atenda à voz de comando dos que a educam como recurso de proteção. "Nesse sentido, precisar de uma coleirinha para que a criança respeite o limite parece ser bastante questionável", comenta.

Limites e possibilidades

A questão da coleira infantil também traz à tona a hora de indicar os limites e possibilidades de aprendizado para as crianças. Trata-se de um desafio diário a ser buscado nas oportunidades que surgem da convivência com eles. "Isso não pode ser desperdiçado pela praticidade do uso de uma coleira, que prescinde do diálogo humano", teoriza Roseli Caldas. "Se o espaço para conversa e elaboração dos limites não tiver sido construído e solidificado durante a infância, não haverá coleira que possa conter essas crianças no futuro."

Diálogo foi justamente o que a advogada Paola Otero Russo usou com a filha Carolina, de quatro anos, para convencê-la a não correr para a rua no retorno da escola quando estava sob os cuidados da babá. Expansiva, Carolina é o tipo de criança que conversa com estranhos e parece não ter medo de nada. "Ela se expõe demais", avalia a mãe. Para conter a filha, Paola explicou os perigos aos quais se expunha com este comportamento e sugeriu o uso da coleira no retorno da aula. A resposta da menina demonstrou incômodo: "É como coleira de cachorro? Não quero usar. Tenho vergonha". Diante da recusa, Paola, que apoia o uso do acessório e já colocou em sua filha em outras ocasiões, recorreu à conversa e resolveu a questão.

Paola fez o certo, segundo os especialistas. Se os pais decidem usar a coleirinha, devem explicar abertamente isso para os filhos. Mesmo que o recurso seja adotado com boa intenção, é preciso levar em conta que a coleira tem um impacto visual negativo, já que é associada aos animais, e isso pode causar reações ruins. "É importante esclarecer por que optaram pelo uso", pondera Roseli. Em sua pesquisa sobre o assunto, a professora de psicologia ressalta que a coleira pode até aparecer como vilã, mas atua, na verdade, como um termômetro dos relacionamentos no mundo contemporâneo. Ela explica que as relações atuais se dão por meio de "objetos concretos e virtuais", em que seres humanos são conectados uns aos outros pela mediação de coisas. "Se a coleira substitui o diálogo, o impacto é negativo. Na medida em que se usa a conversa com a criança, cria-se uma humanização", finaliza.


Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos.asp?codigo=13160

Professora Amanda Gurgel se recusa a receber prêmio


Redação Carta Capital


A professora Amanda Gurgel, que ficou conhecida após fazer um discurso na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte a respeito da situação da educação no Estado – que resultou num vídeo acessado por mais de um milhão de internautas no YouTube – recusou, no sábado 2, receber um prêmio oferecido em sua homenagem pela associação Pensamento Nacional de Bases Empresariais.

A organização havia dedicado a ela o prêmio 2011 na categoria “educador de valor”. Em sua justificativa, a professora destacou que, “embora exista desde 1994, esta é a primeira vez que esse prêmio é destinado a uma professora”.

“Esse mesmo prêmio foi antes de mim destinado à Fundação Bradesco, à Fundação Victor Civita (editora Abril), ao Canal Futura (mantido pela Rede Globo) e a empresários da educação. Em categorias diferentes também foram agraciadas com ele corporações como Banco Itaú, Embraer, Natura Cosméticos, McDonald’s, Brasil Telecon e Casas Bahia, bem como a políticos tradicionais como Fernando Henrique Cardoso, Pedro Simon, Gabriel Chalita e Marina Silva. A minha luta é muito diferente dessas instituições, empresas e personalidades”, justificou.

Amanda Gurgel, que em seu discurso na Assembleia se queixou do salário que recebe como professora e da situação do sistema de ensino no País, disse que seus projetos são “diametralmente diferentes daqueles que norteiam o PNBE”, grupo mantido por empresários paulistas e, segundo ela, comprometida apenas com “a economia de mercado”, “à mercantilização do ensino e ao modelo empreendedorista”.

Entre as reivindicações da professora, manifestadas em seu site pessoal, estão a valorização do trabalho docente e a elevação para 10% da destinação do Produto Interno Bruto para a educação.

“Não quero que nenhum centavo seja dirigido para organizações que se autodenominam amigas ou parceiras da escola, mas que encaram estas apenas como uma oportunidade de marketing ou, simplesmente, de negócios e desoneração fiscal”, escreveu ela, antes de dizer que não poderia aceitar o prêmio.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/professora-amanda-gurgel-se-recusa-a-receber-premio-de-empresarios-em-sp

sábado, 2 de julho de 2011

A aula pode ser atraente

Boa parte dos professores se sente um pouco incomodada quando aparece uma proposta de ensino diferente das suas práticas diárias. Isso precisa ser superado, afinal o que vemos no dia a dia escolar é o agravamento de situações conflituosas geradas, na maioria das vezes, pela indisciplina dos alunos - mas porque essa indisciplina é mais agravada em algumas aulas e não em outras?
É preciso que nos livremos de certos preconceitos, de certas "verdades" que estão arraigadas no nosso cotidiano e prática profissional. Precisamos discutir abertamente as situaçãoes que mais nos afligem, buscar soluções junto à equipe escolar e, também ,ler, debater e, quem sabe, aceitar algumas sugestões e colocar em prática novas propostas. Talvez seja o caminho!
Boa leitura!
Mirtes.

A aula pode ser atraente

Cibele Celestino Silva – Março de 2011 Carta Capital – Carta na Escola

Contextualizar multidisciplinarmente a história do conteúdo a ser lecionado ajuda o aluno a entender a relevância do que ele precisa aprender

Apesar dos profundos avanços sociais, científicos e tecnológicos ocorridos nos últimos cem anos, os currículos das disciplinas científicas e a forma como são seguidos pouco mudaram. É um grande desafio para os professores de Física, Química ou Biologia tornar as aulas e o conteúdo mais atraentes para alunos que, muito frequentemente, se perguntam por que precisam aprender tudo aquilo.
A importância da contextualização e interdisciplinaridade para a aprendizagem tem sido enfatizada como uma das formas de promover o envolvimento dos estudantes. Materiais baseados na História e Filosofia da Ciência podem funcionar como elementos de contexto possíveis ao revelar que a ciência está intrinsecamente ligada aos contextos social, filosófico e econômico, entre outros. Por exemplo, ao falar de eletrodinâmica, é possível associar o conteúdo explorando-se a história do desenvolvimento da eletrificação, das suas consequências para a industrialização, mudanças no estilo de vida da sociedade e os problemas contemporâneos derivados da dependência de fontes de energia.
Outro aspecto favorável é também mostrar como o conhecimento científico é construído, validado e aceito, ou seja, ensinar sobre a natureza da ciência. Esta abordagem foi fortemente influenciada pelo movimento Ciência-Tecnologia-Sociedade-Ambiente a partir da década de 1990, afetando a elaboração dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) e das diretrizes curriculares de vários estados.
A História e a Filosofia da Ciência podem facilitar o aprendizado do conteúdo científico e permite acrescentar os métodos utilizados pelos cientistas para desenvolver novas teorias, e também como novas ideias são aceitas pela comunidade científica. A construção do conhecimento da Ciência é um processo complexo baseado na refutação e transformação de ideias aceitas previamente somadas ao desenvolvimento de novas. Sendo assim, a História da Ciência esclarece que este processo é influenciado por fatores de natureza social, cultural, filosófica, econômica, tecnológica etc., contribuindo para evidenciar seus significados para as futuras gerações e para apresentar o processo científico em toda a sua riqueza, mostrando que a ciência tem uma longa tradição de construção coletiva e que não está isenta de influências externas.
Uma abordagem histórica também favorece a compreensão de conceitos científicos tidos como difíceis ou muito abstratos, já que os estudantes poderão entender suas dificuldades e como elas foram enfrentadas por cientistas do passado. Além disso, uma boa parte do interesse da comunidade de educadores pela história das ciências é resultado das pesquisas sobre as concepções prévias de crianças desenvolvidas por Jean Piaget e outros. Esses trabalhos mostraram que os estudantes possuem concepções a respeito da natureza que, muitas vezes, diferem do conhecimento científico atual. Em alguns casos, as concepções dos estudantes estão muito próximas de explicações que já foram aceitas no passado. Deste ponto de vista, a História da Ciência, aliada às inúmeras pesquisas já realizadas para mapear as concepções alternativas, é um instrumento importante para a promoção da tomada de consciência dessas concepções por parte dos estudantes.
A interação com o conteúdo de outras disciplinas também pode ser desenvolvida através de atividades envolvendo História e filosofia das ciências. Além disso, a História da Ciência introduz um componente emocionante nas aulas, colocando o aluno em contato com os debates envolvidos na construção dos conceitos e com os equívocos e contradições dos cientistas.
A História da Ciência também é importante para promover habilidades investigativas por trazer exemplos de investigação científica. Através de estudos de casos escolhidos e desenvolvidos, professores podem agir como mediadores da aprendizagem por investigação ao buscarem interpretações levando em conta aspectos lógicos, culturais, experimentais etc.
Cuidados com o enfoque

Apesar de seus potenciais benefícios, no Brasil, bem como em outros países do mundo, a aproximação entre História da Ciência e ensino geralmente ocorre de forma superficial e equivocada, enfatizando os aspectos caricaturais dos cientistas, reforçando a ideia da existência de “gênios”, reduzindo a história a nomes e datas e, consequentemente, transmitindo uma visão errada sobre o método científico.

Não existe uma única forma de contar estes feitos. Há quem a narre de forma linear, valorizando os conceitos atualmente aceitos, ou seja, uma história contada do ponto de vista dos “vencedores”. Isso dá a impressão de que o desenvolvimento científico não poderia conduzir a outro lugar que não a nosso conhecimento atual. Toda complexidade da história é ignorada, assim como os inúmeros erros e desvios de percurso que a investigação científica apresenta. Os livros didáticos contam uma história das ciências que privilegia a memorização de nomes, datas de alguns poucos feitos científicos, e os acertos de certos personagens retratados como heróis. Raramente temos oportunidade de aprender sobre os erros cometidos por pessoas como Galileo, Darwin e outros famosos.
Há uma tendência a se concentrar em “histórias anedóticas”, presentes em livros didáticos e no imaginário popular que não encontram o menor embasamento histórico, como por exemplo, Arquimedes e a banheira, Newton e a maça, entre outras. Longe de discutir os aspectos históricos que deveriam ser explorados tais como os relacionados com os conceitos e com o contexto, essas anedotas, em um primeiro momento, podem atrair os alunos, mas que transmitem implicitamente uma visão completamente equivocada sobre como se dá o desenvolvimento da ciência.
Esses são os gêneros mais comuns de história das ciências que têm predominado no ensino de Ciências, seja nos livros didáticos, seja na História das Ciências ensinada nos cursos de formação de professores. Mas, há outras maneiras de fazê-lo ao buscar reconhecer o valor de cada ideia ou conceito produzido, mesmo os que não são atualmente aceitos, considerando o contexto em que esses conceitos (e os cientistas que os produziram) estavam inseridos. Elas valorizam erros e acertos e reconhecem as influências externas sofridas pelos cientistas, tais como de fatores religiosos, políticos, econômicos etc.
É esse tipo de história das ciências que pode ser um instrumento extremamente útil para a compreensão, por parte de alunos e professores, da natureza da ciência. A ciência é produto do contexto histórico e social em que está inserida. Ela é um empreendimento humano, e assim deve ser vista. Ao contrário disso, nossos alunos tendem a percebê-la como um empreendimento exclusivo de mentes geniais e pessoas- muito diferentes e distantes deles.

Cibelle Celestino Silva é professora do Instituto de Física da USP-São Carlos e especialista em História da Ciência

Fonte: Revista Carta Capital on line - Carta na escola

Fim do Vestibular na UFRJ !!!!

UFRJ adota Enem como única forma de ingresso a partir de 2012

Redação – São Paulo
Uol educação
Julho/2011 

A UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) vai acabar com seu vestibular e preencher 100% de suas vagas por meio do Sisu (Sistema de Seleção Unificada), que seleciona candidatos a partir da nota do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A decisão foi tomada nesta quinta (30) pelo Consuni (Conselho Universitário).
No último vestibular, a instituição ofereceu 9.060 vagas, sendo que 40% delas foram destinadas ao Sisu (Sistema de Seleção Unificada). A UFRJ isentava os candidatos de pagamento de taxa de inscrição.
Na visão do reitor Aloísio Teixeira, a adesão da UFRJ consolida a visão de que o conjunto das universidades públicas se constituam num sistema com as outras instituições federais.
Do total de vagas, 30% serão destinadas a alunos oriundos de escola pública. Além disso, os candidatos precisam atender um critério salarial -- a renda familiar não pode ultrapassar um salário mínimo por integrante da família.


Fonte: http://vestibular.uol.com.br/ultimas-noticias/2011/06/30/ufrj-adota-enem-como-unica-forma-de-ingresso-a-partir-de-2012.jhtm